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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Professora envia carta aberta a Bolsonaro e fala de violência

A docente agradeceu ao candidato e abordou dificuldades que enfrenta
A professora Andréia Medrado, da rede estadual de São Paulo, enviou uma carta aberta para o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL). Nela, a docente afirma que já foi vítima de diversas violências dentro da sala de aula.
– A escola virou campo de batalha e QG ideológico. Já sofri agressão, sofri e sofro desacato, porque, durante décadas, foi-se criando um endeusamento do erro e do crime – escreveu.
Andréia também afirmou que se sente insegura de andar nas ruas por ser mulher e negra. Ela agradeceu ao deputado federal por “travar guerra contra o crime, contra a violência e muitíssimo obrigada por sua voz solitária – mas firme – em meio ao caos da insegurança”.
Bolsonaro, após receber a carta, agradeceu à docente e a publicou através de seu Twitter neste sábado (1º).
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRACaro Candidato, esta é uma carta fácil de escrever; as palavras surgem alegre e correntemente. Cada uma delas disposta a ter com o senhor uma conversa franca, objetiva e necessária. Sou mulher, e como tantas outras mulheres, trabalho para sustentar a casa.
E, como tantas outras mulheres, vivo com medo de sair às ruas, de andar sozinha, de voltar para casa quando escurece, porque somos alvos fáceis. Não por sermos mulheres, mas por caminharmos, dia-a-dia, sob a mira de bandidos que circulam livres pelas ruas de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Curitiba, de Fortaleza, de Recife e de tantas cidades.
Há décadas, o Brasil tem se curvado aos discursos abstratos, às campanhas eleitorais faraônicas e aos resultados pífios e assustadores. O Brasil tem sido violentado por aqueles que deviam protegê-lo. O crime, no Brasil, virou cartão de visita e até o cinema se beneficiou.
Sou professora, candidato! Professora que já sofreu agressão, que já sofreu e sofre desacato, porque durante décadas, foi-se criando um endeusamento do erro e do crime, do malvado e do feio de modo que ensinar a verdade tornou-se “ação fascista” e corrigir transformou-se em opressão das mais condenáveis. A escola virou campo de batalha e QG ideológico.
Obrigada por sua incansável luta por resguardar o direito das famílias de educar seus filhos; obrigada por sua luta contra as drogas e por sua imensa força diante do erro e da mentira.
Obrigada por travar guerra contra o crime, contra a violência e muitíssimo obrigada por sua voz solitária – mas firme – em meio ao caos da insegurança. Claro, candidato, que algumas vozes, aquelas perdidas sob as notícias e o mundo virtual, sucumbidas às redações de lacração, vão se erguer contra seu posicionamento. Não se deixe abater.
Sabemos – o povo de verdade, que mora em lugar chamado realidade – que essas acusações são apenas grunhidos daqueles que pensam somente sob viés da ideologia. A vida real não é um documentário à la Glauber Rocha.
A vida real requer homens fortes que, com compromisso com sua gente, aceitem o desafio de resolver os problemas concretos da Nação. E digo mais, candidato, nós, mulheres reais, com problemas reais, apesar de tanta falsa representatividade, nos vemos representadas em suas propostas e em sua coragem para mudar o Brasil.
O povo aqui fora está cansado de ser tratado como ente abstrato que só serve para dizer amém e pagar impostos. É o povo formado pela Dona Maria, que vende tapioca na porta da escola; pelo Seu Antônio, que é segurança durante a noite e servente de pedreiro durante o dia; é o povo que tem medo de ficar no ponto de ônibus, porque pode ser assaltado e ver levado seu celular – ainda sendo pago – por algum moleque que nunca vai ter uma punição adequada.
É o povo que não agüenta mais ver seus filhos sendo doutrinados nas escolas, sem a menor chance de defesa. É esse povo, candidato, o povo da vida real, que acredita em mudança; mais que isso, é esse povo de verdade que precisa de mudança urgente!
Quem está acostumado com segurança de país europeu e documentário cult, definitivamente, não pode dizer que representa as mulheres. Pode escrever (papel sempre tudo), pode fazer ilações; não pode, contudo, ter a pretensão de esgotar os pensamentos e os posicionamentos das inúmeras mulheres brasileiras que enxergam em Jair Bolsonaro um homem de brio e que não se curva à linguagem corrente: a linguagem frouxa e afetada do establishment.
Não o vejo como um salvador, nem concordo em tudo com o senhor; sei ainda que existem algumas lacunas que nos separam em pensamento, mas sei que em sua integridade e honestidade intelectual, o senhor fará o que estiver ao seu alcance para melhorar e para governar com justiça, tendo a responsabilidade de reunificar a nação brasileira.
Quando eleito, candidato, serei a primeira pessoa cobrá-lo de suas propostas, de seus posicionamentos, como sei que muitos outros o farão. Mas o povo responsável e que crê na política bem feita faz dessa maneira: acompanha seus candidatos desde a campanha até o fim do mandato. Mas por ora, faço campanha até de graça!
O Brasil quer alguém que diga a verdade e que sabe das aflições e necessidades concretas da vida das pessoas. Ninguém mais quer saber de dissimulações e palavras moles. O povo da vida real não quer mais as velhas raposas de língua bifurcada; precisamos e queremos alguém que, ainda que com duras palavras, não tenha medo de dizer a verdade.
Precisamos e queremos alguém que, com a verdade, que é a força que move o mundo, governe de modo que comece um novo tempo para o Brasil do dia a dia, o Brasil sem maquiagem, sem obras, sem pedaladas, sem marqueteiros; o Brasil real.
Andréia Medrado, mulher, negra, professora da rede estadual de São Paulo

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