Em um momento de ruptura democrática e ofensiva
conservadora como este que vivenciamos desde a consumação de um golpe de
Estado no Congresso Nacional, nada mais natural que debates outrora
considerados pouco relevantes ganhem uma imensa dimensão simbólica, como
é o caso das eleições das mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.
O início de 2017 trouxe consigo um desafio para o PT e para o
conjunto dos partidos de oposição ao governo ilegítimo: como garantir os
espaços que a Constituição Federal reserva aos partidos e suas
respectivas bancadas nas mesas diretoras da Câmara e do Senado, mas
também e principalmente nas comissões permanentes de ambas as casas, se a
vida real subordina a ocupação desses espaços institucionais de extrema
importância a alianças com os partidos que constituem a maioria e que,
nesta conjuntura, são os mesmos partidos que protagonizaram o golpe de
Estado?
A possibilidade de as bancadas do PT na Câmara e no Senado apoiarem
candidaturas integrantes do consórcio golpista à presidência das duas
casas provocou uma intensa mobilização da militância petista e da
militância dos movimentos sociais, que constroem no dia a dia as frentes
de luta contra o golpe e contra a agenda neoliberal do governo
ilegítimo.
Como não poderia deixar de ser, o debate foi levado à direção
nacional do PT, que infelizmente abriu mão de dialogar com o sentimento
da militância e devolveu a decisão para as bancadas.