Na quinta, dia 19 de outubro/17, estreou nos cinemas
brasileiros o longa Além
da Morte, um remake do
filme Linha Mortal(1990), e que trata de um assunto para lá de polêmico: o que
acontece com nossa mente após a morte? Da ficção estrelada pela atriz Ellen
Page (Juno e A Origem) para a realidade, cientistas da Langone Escola de
Medicina da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, estão estudando os
processos do pós-morte e descobriram que, durante algum tempo, a consciência
ainda permanece.
Quando uma
pessoa sofre uma parada cardiorrespiatória, os impulsos elétricos cessam, o
coração deixa de bater e o sangue para de chegar ao cérebro. Neste momento, os
processos cerebrais cessam quase instantaneamente. "Você perde todos os reflexos do tronco cerebral: o mordaz, o das
pupilas, tudo para", diz o médico Sam Parnia, diretor de Cuidados
Essenciais e Ressuscitação na Universidade de Nova Iorque.
O córtex cerebral, que é a nossa central do
pensamento, também reduz suas funções de imediato, e as ondas cerebrais deixam
de ser visíveis no encefalograma em até 20 segundos. Com isto, começa uma série
de reações intracelulares que levam à morte dos neurônios, podendo durar
algumas horas depois do coração ter parado, esclarece Parnia.
Ao se realizar uma tentativa de ressuscitação
cardiopulmonar, um pouco de sangue volta a circular no cérebro – cerca de 15%
do que o órgão precisa. Essa quantidade é suficiente para retardar a morte das
células cerebrais, mas não a ponto de religar o cérebro, afirma Sam Parnia. Ou
seja, não se percebe a volta dos reflexos durante a ressuscitação. "Se você tenta fazer o coração bater
de novo, aos poucos ajudará o cérebro a retomar suas funções. Quanto mais tempo
durar o processo de ressuscitação, a morte dos neurônios ainda se mantérá, mas
em ritmo menos acelerado", esclarece o pesquisador.
Segundo o médico americano, os pacientes com
parada cardiorrespiratória podem ter alguma forma de consciência na primeira
fase da "morte clínica". Ele revela que existem vários relatos de pessoas
cujos corações pararam e foram "reinciados" e que puderam descrever,
com exatidão, o que estava acontecendo ao redor delas na sala do hospital.
"Elas contaram que puderam observar os médicos e as enfermeiras
trabalhando e também que tinham consciência de todas as conversas e até memória
visual do ocorrido. Eram coisas que, normalmente, não podiam ser de
conhecimento delas", comenta Sam Parnia.
Ainda conforme o pesquisador, os relatos dos
pacientes que tinham "morte
clínica" puderam ser confirmados pela equipe médica e por enfermeiras
que estavam presentes.
O médico da Universidade de Nova Iorque,
juntamente com sua equipe de pesquisadores, estão avaliando casos de
consciência pós-morte em pacientes dos Estados Unidos e da Europa. É o maior
estudo do tipo já feito no mundo. "Estamos
tentando entender o que de fato foi experimentado por essas pessoas quando
'atravessaram' a morte, porque sabemos que isto deve refletir a experiência
universal do que todo mundo vai experimentar ao morrer", afirma
Parnia.
Os cientistas
querem entender o que acontece com o cérebro durante o período da parada
cardiorrespiratória, da morte e da ressuscitação, para saber a quantidade de
oxigênio que está chegando ao órgão. Além disso, pretendem saber quando o
córtex volta a "ligar" e como as experiências de consciência
pós-morte estão conectadas à atividade cerebral. De acordo com o médico
americano, o próximo passo é encontrar uma forma de aprimorar o acompanhamento
do cérebro durante o período da morte e aperfeiçoar a qualidade da
ressuscitação, para prevenir possíveis danos cerebrais quando o coração voltar
a bater corretamente.
"Ao
mesmo tempo, estamos estudando a mente humana e a consciência no processo da
morte, para entender até que ponto a consciência é aniquilada ou permanece após
a pessoa morrer por certo período de tempo. Buscamos também a relação deste
processo com o que se pensa dentro do cérebro, em tempo real", diz Sam Parnia.
(com portal LiveScience)