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Mariana Sallowicz
RIO - Os R$ 270 milhões resgatados do esquema de corrupção,
que, segundo o Ministério Público Federal era chefiado pelo
ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), serão utilizados para pagar o
13.º salário atrasado dos servidores aposentados e pensionistas do
Estado, apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real
do Grupo Estado. Cerca de 150 mil pessoas receberão o abono
integralmente, com prioridade para aqueles que recebem benefícios mais
baixos.
Outros cerca de 100 mil inativos com maiores rendimentos
terão direito ao pagamento do 13.º salário parcialmente, disse uma
fonte. O Estado do Rio tem 155.971 aposentados e 92.119 pensionistas,
num total de 248.090 beneficiários. Os recursos já foram pleiteados pelo
governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB), aliado político de Cabral.
O
abono natalino foi pago no ano passado apenas aos servidores ativos da
Educação, do Ambiente, da Procuradoria-Geral do Estado, de empresas
celetistas e de outros órgãos. Esses custearam a folha com recursos
próprios, como o Departamento de Trânsito do Estado (Detran) e o
Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Cerimônia.
A cerimônia de entrega do dinheiro recuperado pela força-tarefa da Lava
Jato no Rio está prevista para ocorrer no dia 21, conforme informou o Estado
na edição desta segunda-feira, 13. O governo fluminense, no entanto,
não confirma que haverá a reversão do dinheiro para o Rio. A
Procuradoria-Geral do Estado (PGE) não comenta o assunto, mas confirma
que há uma negociação em curso.
‘Momento oportuno’.
Já a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que vai estudar a hipótese
de pleitear os valores recuperados pela força-tarefa do Rio “no momento
oportuno”. O dinheiro foi recuperado do esquema de pagamento de propina
recolhida em obras públicas como a construção do Arco Metropolitano, o
PAC das Favelas e a reforma do Maracanã, feitas com recursos federal e
estadual.
O Rio, em meio à calamidade das suas finanças, busca
recuperar o montante antes mesmo de a ação ser julgada, uma vez que os
R$ 270 milhões vieram de um acordo de delação premiada, uma espécie de
confissão do crime. Além disso, os recursos ajudariam a pagar os valores
atrasados para aposentados e pensionistas.
O dinheiro já
disponível foi devolvido pelos irmãos Marcelo e Renato Chebar, que eram
operadores de Cabral e fecharam acordos de delação com o Ministério
Público Federal no Rio. O valor está numa conta judicial, vinculada ao
processo, na Caixa Econômica Federal.