Aliados de Lula notaram o petista ansioso nos
últimos dias. Ele tem demonstrado ceticismo quanto à possibilidade de
uma mudança substancial em sua situação. Pessoas próximas indagam a quem
interessa a libertação do ex-presidente para, em seguida, fazer uma
provocação: “Nunca os métodos da Lava Jato foram tão questionados, mas o
mercado não quer, o governo não quer, as Forças Armadas não querem e a
mídia não quer. Muitas instituições cerraram fileiras na defesa de
Sergio Moro”.
O grupo mais próximo de Lula diz que “só o STF poderia colocar ordem
nessa história”, mas avalia que o tribunal está sob intensa pressão e
que as chances de uma guinada na sequência de derrotas colhidas pelo
petista, mesmo com as revelações de bastidores da Lava Jato, é pequena.
Lula também tem demonstrado apreensão
com os rumos de seu partido. Há uma disputa entre grupos do PT em torno
da presidência da legenda, hoje nas mãos de Gleisi Hoffmann. O
ex-presidente tenta construir um acordo.
Recentemente, o petista demonstrou ânimo com a visita do candidato
que lidera a corrida pela Presidência da Argentina, Alberto Fernández, à
carceragem da PF. Lula não é pessoalmente próximo do político e viu no
gesto uma deferência importante.
Auxiliares do ex-presidente lembram que, em meados de agosto, ele completará 500 dias na prisão.
O relatório do juiz federal do TRF-4 João Pedro Gebran Neto sobre o
recurso de Lula no caso do sítio de Atibaia deverá ficar pronto entre
agosto e setembro. Depois, caberá ao juiz revisor elaborar seu parecer e
marcar data para o julgamento.
Deste caso, considerado mais complexo para a defesa do ex-presidente
do que o do tríplex, poderá vir a segunda condenação colegiada de Lula
Folha de São Paulo