Apenas em 2018, quatro anos após o fim da Copa do Mundo no Brasil, quase R$ 400 milhões saíram dos cofres públicos para cobrir gastos com estádios construídos para o Mundial. Até arenas consideradas sucesso de público, como o Mineirão, ainda dão dor de cabeça aos governos estaduais. Além disso, muitas delas se distanciam cada vez mais do propósito original e deixam o futebol de lado para que o espaço seja ocupado com outras funções, que vão de escola a palco de festas.
Em 2014, para que a Copa fosse viabilizada, foram gastos R$ 8,3 bilhões em estádios, segundo dados do Ministério do Esporte. O BNDES financiou boa parte do montante — e, em muitos casos, os empréstimos foram tomados por governos estaduais, sozinhos ou em parcerias com o setor privado (PPPs).
No caso das PPPs, os estádios foram entregues para exploração pelo setor privado, e o acerto previa que o retorno que obtivessem a partir do uso dessas estruturas em jogos, shows e eventos seria usado para ajudar a pagar os empréstimos.
Mesmo estádios como o Mineirão, considerado um sucesso de público — em 2018 recebeu mais de 50 jogos —, não cobrem o custo dos investimentos até hoje. No orçamento de 2018, havia a previsão que o governo do Estado pagasse R$ 132 milhões para a concessionária.
A Arena das Dunas, em Natal, que recebeu 25 jogos em 2018, e a Arena Fonte Nova, na Bahia, palco de 37 partidas, também vivem situação semelhante a de Minas. Nos dois casos, o custo anual dos governos com os empréstimos supera R$ 100 milhões.