Nem precisou ser anunciada, não saiu no diário oficial, não
teve ordem de serviço, por nenhuma emenda de bancada foi contemplada, e
mesmo com a pedra fundamental sem nunca ter sido lançada, a cerimônia
de inauguração já está na agenda de todos os calendários.
Salvem a data.
2 de outubro de 2022.
Com recursos próprios individuais, a Governadora Fátima Bezerra, longe de ser uma brastemp em unanimidade, pode tocar com calma, sua mais arrojada realização.
Maior que a Barragem de Oiticica que ainda vai render muito teste de DNA, em tantas ações de paternidade, anunciadas em visitas de autoridades peregrinas ao interminável 13° trabalho de Hércules, na caatinga.
Na frustração da companheirada com a inércia dos avanços salariais,
manteve o movimento sindical manso, em perene greve contra os moinhos de
vento, sedado com doses homeopáticas de pagamentos quinzenais, sem
esquecer do que ficou para trás, controlado a conta-gotas pelo espelho
retrovisor.
Até o mais implicante barnabé já foi convencido que o dito
popular cai bem na hora de botar no bolso, o que não foi lembrado pelo
antecessor, valendo também para aplicação da lei do
retorno, na próxima boca de urna.
Nada deve quem tem com que pagar.
As finanças públicas sobreviveram sem maiores sequelas e dão sinais
de recuperação em recordes de impostos arrecadados e reduções pandêmicas
de despesas.
O tratamento precoce do auxílio emergencial salvou os mais vulneráveis e a economia continuou girando, apesar das ameaças do lockdown simbólico,
mascarado em toques de recolher, tão camaradas que esperavam pelo
último cliente, a derradeira dose e todas as saideiras.
A queimadura superficial da compra consorciada dos respiradores
fantasmas, cada vez mais, parece golpe a ser resolvido na esfera
policial.
Brasa incomparável à fogueira que pulou no hospital de campanha nunca armado no centro da cancha da arena, sobre as dunas que se movem em direção à CPI potiguara.
Encontrou e faz bom uso da fórmula do teflon que Garibaldi guardava a sete chaves.
No verão, frequentou alpendres deslumbrantes, sem perder a cidadania de ilhoa da Redinha, entre o mangue dos cãos e a favela africana.
Revelou-se em todas as cores de Frida Kahlo, Almodóvar e mais, sem mexer na mobília; sem explicações desnecessárias.
Quando o vendaval de votos estourou o bafômetro do capitão da blitz,
parecia que o novo permaneceria jovem e fértil no regaço do meio do
mandato, para ameaçar o seu, o primeiro feminino, de origem popular.
Sem outros adversários nos partidos cada vez mais repartidos e
frágeis, o candidato anabolizado não saía das bolas de cristal dos
cientistas políticos, do radar dos especialistas em adivinhações e dos blogs com visão de patrocínios futuros.
O prodígio materializado na obra-prima que segue em ritmo acelerado, não deixará de ser reconhecido por gerações.
Evitar um governador de mesma patente, réplica e risco, é o milagre agora revelado.
Ave, Fátima.
Por Domicio Arruda