A
pandemia jogou milhões de pessoas para a pobreza, fez o desemprego dar
um salto inédito, gerou uma contração inédita das economias, recolocou a
fome como uma realidade e levou governos a dívidas sem precedentes.
Mas
a crise também teve um outro impacto. Para os bilionários do mundo e do
Brasil, a pandemia foi sinônimo de um aumento ainda maior de suas
fortunas.
Um levantamento publicado nesta quarta-feira pelo
banco suíço UBS constata que a fortuna na mão dos ultra-ricos atingiu um
novo pico de US$ 10,2 trilhões em julho, contra US$ 8,9 trilhões no
final de 2017. Os setores de tecnologia e saúde são os grandes
responsáveis pelo salto, com incrementos de 43% e 50%, respectivamente.
"Aqueles
que são os inovadores e os disruptores, os arquitetos da destruição
criativa na economia, ainda estão aumentando sua riqueza", diz o
relatório. "Já a riqueza líquida dos bilionários em entretenimento,
serviços financeiros, materiais e setores imobiliários ficou para trás
no resto do universo".Não foi apenas a concentração de riqueza que aconteceu nesse grupo de ultra-ricos.
De acordo com o levantamento, o número de bilionários no mundo também aumentou. Em 2017, ele era de 2158, contra 2189 em 2020.
Mais bilionários no Brasil em 2020
No
caso brasileiro, o UBS informa que o grupo dos bilionários do país
detém uma fortuna de US$ 176,1 bilhões, um aumento de 99% em comparação
ao volume de 2009 e acima dos US$ 127 bilhões registrados em 2019.
Em
2019, existiam 45 bilionários no país. Neste ano, o número subiu para
50. O total, porém, ainda foi maior em 2018, quando o número de
ultra-ricos chegou a 58 e somaram US$ 179 bilhões.
A liderança no ranking continua sendo dos EUA, com essa parcela da sociedade com US$ 3,6 trilhões em suas mãos.
Geograficamente,
a China continental foi a região que mais se beneficiou durante a
década. No início de abril de 2020, havia 389 bilionários chineses,
acumulando um valor total de 1,2 trilhão de dólares. Sua riqueza havia
crescido quase nove vezes, em comparação com o salto de 100% nos EUA em
dez anos.
Os bilionários do setor da tecnologia foram os que mais
prosperaram durante a década - gerando uma polarização ainda maior nos
dois últimos anos. O número de bilionários desse segmento cresceu de 68
pessoas em 2009 para 234 em 2020, enquanto o número de bilionários do
setor da saúde cresceu de 48 para 167.
A riqueza total dos
bilionários da tecnologia e da saúde multiplicou-se por quatro - de USD
321,3 bilhões para US$ 1,3 trilhão para tecnologia e de USD 120,8
bilhões a USD 482,9 bilhões para a saúde.