“Estamos perdendo a guerra para o suicídio”. A afirmação alarmante é
do psiquiatra e professor da USP Mario Francisco Juruena, que explica
que, embora não haja uma forma de determinar com plena certeza que um
indivíduo vá se matar no futuro, os médicos têm, sim, instrumentos para
prever as chances que pacientes graves carregam de tirar a própria vida.
A principal chave da prevenção estaria no tratamento dos traumas de
infância. Cicatrizes emocionais que os adultos carregam, de feridas
abertas quando eram crianças, podem antecipar muitos dos riscos de
suicídio — separação materna, estresse, maus tratos, negligência, perdas
precoces e abusos seriam, de acordo com o psiquiatra, alguns dos
principais fatores.
Desta maneira, o papel do médico é monitorar o histórico do paciente,
dando atenção a traumas severos em qualquer idade, mas mais
especificamente na primeira infância e na vida intrauterina. Isso
porque, como conta o psiquiatra, quanto mais precoce o trauma, maior ele
será, já que o sistema nervoso de uma criança não está preparado para a
agressão, apenas para a afetividade.
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