Adriana Melo é médica de gestações de alto risco na maternidade
pública de Campina Grande, que atende todos os municípios do sertão da
Paraíba. Não é pouca coisa, mas ela se destacou por outro motivo: ela
foi a primeira a apresentar provas da relação entre o vírus da zika e os
crescentes casos de microcefalia na região, em novembro de 2015.
Adriana levou um dia para achar uma solução para o enigma que
intrigava as autoridades de saúde do Nordeste desde agosto, mas demorou
quase dois meses para que conseguisse colocar em prática sua ideia.
Neste período, conta, conviveu com reprovações de companheiros de
jaleco, foi tachada de arrogante e alarmista.
Ainda faltam mais pesquisas para comprovar qual a relação entre o
vírus e a má-formação, mas, ao anunciar estado de emergência mundial em
fevereiro, a OMS (Organização Mundial da Saúde) usou a “descoberta” de
Adriana. O alerta foi dado meses depois da primeira sexta-feira de
outubro de 2015 — e é aí que nossa história começa.
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