O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) classificou como "estapafúrdia" a declaração
do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) na votação do pedido de impeachment
da presidente Dilma Rousseff, na Câmara, no último domingo. O deputado
exaltou a ditadura militar e a memória do coronel reformado Carlos
Brilhante Ustra, que foi chefe do DOI-Codi de São Paulo, um dos
principais centros de repressão política, e morreu no ano passado. Para
FHC, o PSDB deve "repudiar com clareza" as declarações. "É inaceitável
que tantos anos após a Constituição de 1988 ainda haja alguém com a
ousadia de defender a tortura e, pior, elogiar conhecido torturador. O
PSDB precisa repudiar com clareza essas afirmações, que representam uma
ofensa aos cidadãos do país e, muito especialmente, aos que sofreram
torturas", disse FHC.
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Durante
a votação do impeachment, Bolsonaro disse: "Perderam em 1964, perderam
agora em 2016. Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro
de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o
pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, o
meu voto é sim." ESSE É IMBECIL AO QUADRADO (grifo meu *** ReporterGM-7) Sobre a tramitação do processo de impeachment no
Senado, o ex-presidente disse que espera que os "trâmites legais sejam
todos cumpridos, sem delongas". "E quando chegar o momento da decisão
dos senadores, que a votação se processe de forma conveniente, sem
declarações estapafúrdias como algumas que testemunhamos na Câmara dos
Deputados. Especialmente uma que me desagradou, aquela proferida pelo
deputado Bolsonaro", disse FHC.
Ustra
comandou o DOI-Codi entre 1971 e 1974. Nos últimos anos, procuradores
da República em São Paulo vinham tentando processá-lo pela tortura e
morte de militantes que foram encarcerados nas dependências daquela
unidade militar do antigo II Exército em São Paulo. Há sete anos, Ustra
foi declarado torturador em decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Repercussão -
Desde domingo, diversas entidades têm se manifestado contra as
declarações de Jair Bolsonaro. O Instituto Vladimir Herzog pediu a
expulsão de Bolsonaro. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
afirmou que vai investigar o deputado pelas suas declarações. A
iniciativa da Procuradoria foi divulgada na quarta-feira e é uma
resposta às 17.853 manifestações da população recebidas pelo órgão nos
últimos.
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que também "repudia de forma veemente"
as declarações do deputado. "Não é aceitável que figuras públicas, no
exercício de um poder delegado pelo povo, se utilizem da imunidade
parlamentar para fazer esse tipo de manifestação num claro desrespeito
aos direitos humanos e ao Estado Democrático de Direito", afirmou o
Conselho da maior entidade da advocacia do país. Na terça-feira, o
presidente da seccional da OAB no Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz,
afirmou que a Seccional recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) e,
se necessário, à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa
Rica, para pedir a cassação do mandato de Jair Bolsonaro.
(Com Estadão Conteúdo)
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