Por volta das 16 horas de sábado (25), o empresário Oscar Augusto
Ferrão Filho, um dos donos dos estacionamentos da Rede Park, recebeu uma
ligação de seu irmão e sócio com um anúncio assustador. “Acabei de
matar a Renata”, contou-lhe João Alberto Ferrão, de 63 anos,
referindo-se à mulher com quem convivia fazia treze anos. “E, agora, vou
acabar com a minha vida”, completou, desligando em seguida.
Ferrão
Filho enviou com urgência o assessor da empresa, Victor Castrignano, à
residência de João Alberto, uma cobertura de dois andares no Itaim, na
Zona Oeste. O funcionário tocou a campainha e, como ninguém atendeu,
arrombou a porta.
Ali dentro, a advogada Renata Vieira de Souza
Ferrão, 50, estava caída no chão do closet, no quarto, com um tiro na
cabeça. No andar de cima, o corpo de João boiava na piscina, de costas,
também atingido por disparo na cabeça. Chamados ao local na sequência,
os policiais encontraram a arma do crime, uma pistola, no fundo da
piscina.
Pouco tempo
depois, a mulher foi morar com ele na cobertura do Itaim e passou a
trabalhar como advogada da Rede Park, cuidando de processos trabalhistas
e outras pendências na área cível. Os dois costumavam ir a restaurantes
com amigos ou promover jantares em casa — Renata gostava de cozinhar.
“João sempre foi mulherengo, bon vivant.
Desde o
ano passado, no entanto, o casal vinha enfrentando uma crise conjugal.
“Ela pediu o divórcio em janeiro. João não aceitou bem, mas não deu
sinal algum de que faria uma coisa dessas”, lamenta Cristófaro, um dos
poucos que sabiam da separação iminente. “Fomos pegos de surpresa por
todas essas notícias. Os dois eram muito discretos, nunca comentavam
sobre a vida pessoal”, relata uma amiga que preferiu não se identificar.
Por
outro lado, era de conhecimento de todas as pessoas próximas que João
sofria de depressão. “Mas ele fazia tratamento e, pelo que sabíamos, a
situação estava sob controle”, completa a mesma amiga. No mercado há
trinta anos, a Rede Park é uma das dez maiores do segmento no país. São
trinta unidades na capital, além de outras doze espalhadas pelo interior
do estado e por Florianópolis.
Embora os trabalhos
estejam em estágio inicial, os investigadores da delegacia não têm
dúvida de que se trata de homicídio seguido de suicídio. Não havia
sinais de luta corporal no lugar, nem de arrombamento da casa.
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