Ninguém duvida que o modelo de representação por partidos e
lideranças que surgiu no Brasil com a redemocratização desceu ralo
abaixo com a recente torrente de delações e com o fluxo de propinas por
ela revelado. Partidos — de todas as colorações — são vistos, hoje, como
forças tóxicas, capazes de contaminar qualquer iniciativa, sendo
expulsos de grandes manifestações e vetados em pequenas reuniões. Poucos
líderes escapam da vala comum das citações de seus antigos
financiadores.
Para fugir do barata-voa e tentar se conectar com o eleitor, os
partidos tentam de tudo. A nova voga é mudar de nome, abandonando o
costumeiro formato de siglas para adotar identidades com ares de
modernidade, que passem uma ideia de que os tais partidos são, na
verdade, movimentos.
O PTdoB do combativo Silvio Costa se prepara para
virar Avante; o PSL se metamorfoseou em Livres, e o PTN agora é o
Podemos.
As mudanças são explicadas de formas diversas, mas, além da fuga ao
desgaste dos partidos, representam a esperança de repetir, no Brasil, o
sucesso dos ‘partidos-movimentos’, que emergiram fora de estruturas
políticas tradicionais e conseguiram rapidamente bom desempenho
eleitoral — caso do francês ‘Em Marcha’, do italiano Cinco Estrelas e,
claro, do espanhol Podemos.
“Não adianta mudar de nome se não mudarem os atores. O PFL passou a
se chamar DEM, mas o partido manteve seus caciques e continuou do mesmo
tamanho”, diz Antônio Augusto Queiroz, diretor de Documentação do
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
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