Já tem um tempo que o cabelo emplastrado e a barba grisalha conferem
ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, um ar mais
judicioso e prudente.
No meio da tarde da última quinta-feira, Toffoli pousou o queixo numa
caneta vermelha para ponderar, catedrático, sobre como “a sociedade, a
imprensa, os meios de comunicação social e as chamadas redes sociais”
reproduzem “o folclore e a falsa ideia” de que o Supremo é lento em
julgar ações. Naquela perna do U que forma o plenário do Supremo, o
decano Celso de Mello, à esquerda de Toffoli, preocupava-se em organizar
sua bancada, amassar e descartar um pedaço de papel. Gilmar Mendes
estava ausente. Pela direita, Rosa Weber fitava hipnotizada a tela de
seu computador. Edson Fachin assistia à palestra de Toffoli atentamente.
Toffoli abre os braços, mãos espalmadas em indignação, e começa a
fazer um balanço de sua produtividade. “Tomei posse aqui no dia 23 de
outubro de 2009. Nesse período, passaram pelo meu gabinete 35 ações
penais. Vinte e seis foram solucionadas. Apenas nove estão constando
ainda do meu acervo. Sem citar o nome dos réus, vou mencionar uma por
uma e em qual fase ela está.” Toffoli checa a reação dos colegas. Não há
nenhuma.
O ministro esforçava-se para estender sua preleção. Por quase uma
hora, interrompido algumas vezes por apartes de colegas, Toffoli tentou
justificar por que faria o que todos sabiam que ele faria em seguida.
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