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domingo, 11 de março de 2018

As altas nos combustiveis de FHC a Temer: Imagem que compara combustíveis sob Dilma e Temer distorce preços

 
Uma imagem viral com preços de combustíveis atribuídos aos governos Dilma Rousseff e Michel Temer tem circulado nas redes desde a semana passada. No entanto, o meme conta só uma parte da história: cita números isolados de preços "antes das panelas" e depois — em referência à sequência de manifestações que antecederam o impeachment de Dilma.
Em parceria com o site Numeralha, do jornalista Marcelo Soares, Aos Fatoschecou se os valores que aparecem na imagem são reais e se a alta nos combustíveis é, de fato, responsabilidade da União e de qual governo. Veja abaixo o que checamos.

INSUSTENTÁVEL
Como não há referência na imagem para datas e localidades de origem dos números, a reportagem usou como base os preços monitorados e publicados no site da Agência Nacional do Petróleo, a ANP. Toda semana, a agência monitora os preços de gasolina, etanol e diesel de milhares de postos.
Segundo os números da ANP, é possível afirmar o seguinte:
1. sim, os preços dos combustíveis nunca estiveram tão altos;
2. não, eles não começaram a aumentar só “depois das panelas” — a carestia é constante e tem altos e baixos, com viés de alta;
3. os preços que constam do meme não estão registrados na planilha de maneira exata — ou seja, não são oficiais.
Desse modo, não há respaldo factual para os valores que constam da imagem.
O preço médio da gasolina comum na bomba era de R$ 2,685 na semana de 20 de março de 2011, fim do terceiro mês do primeiro governo Dilma. Durante seus mais de cinco anos de governo, esse é o valor mais próximo que a gasolina esteve dos R$ 2,699 atribuídos à sua gestão conforme o meme. A partir de então, o preço do combustível variou, sempre com tendência de alta. A ex-presidente só viria a enfrentar o primeiro panelaço em pronunciamento em 8 de março de 2015.
Já o preço médio do etanol não é de R$ 1,899 pelo menos desde a semana de 22 de setembro de 2013. Seu valor variou bastante durante o governo Dilma, mas, desde dezembro de 2013, não está abaixo de R$ 2, em média.
Além disso, a última vez em que o diesel custou menos que R$ 2,099 foi na semana de 15 de julho de 2012.
Diferentemente do que mostra a imagem, porém, a média do preço da gasolina no país nunca chegou a R$ 4 durante o governo Temer. Conforme os dados oficiais mais recentes, a média de preços da gasolina em outubro deste ano estava em R$ 3,88. A gasolina mais cara do país, porém, já chegou a R$ 5,30 nas bombas, conforme os registros da ANP.
No etanol, a média já ultrapassou os R$ 2,499 registrados na imagem: está em R$ 2,691. No diesel também: está em R$ 3,234, enquanto o meme diz ser R$ 2,499.
Aumento constante. Ao calcular as médias dos preços por governo, é possível verificar que os combustíveis nunca estiveram tão caros quanto agora. No entanto, o maior aumento na média ocorreu entre o governo Dilma 1 e o governo Dilma 2. Só a gasolina comum, por exemplo, teve alta de 21% na média entre os dois mandatos. O diesel, de 28%.
O maior salto no preço dos combustíveis recente aconteceu em 2015. Porém, já em 2014 a Petrobras já dava sinais de que a política de compra de petróleo e derivados do exterior para revendê-los no Brasil por um preço mais baixo, de modo a segurar a inflação, estava dando prejuízo. Esse movimento coincidiu com o chamado boom das commodities, quando, entre 2011 e 2012, o barril de petróleo chegou a ser vendido a US$ 125. Para segurar a inflação do combustível para o consumidor final, a equipe de Dilma pressionou a estatal para controlar o preço.
No entanto, a crise política que atingiu tanto o governo quanto a Petrobras, acelerada pela Operação Lava Jato, desmontou a estratégia dentro da estatal. A Petrobras reajustou preços, que tiveram impacto na inflação oficial e na cadeia de produção dependente do petróleo.
Componentes de preço. O preço dos combustíveis no Brasil não é controlado diretamente pelo governo federal. Existem outros componentes que, agregados ao preço do combustível nas refinarias, formam seu valor final.
Desde 2002, o mercado de refino e derivados de petróleo é aberto ao capital estrangeiro no Brasil. Porém, como a Petrobras detém quase a totalidade do refino e da importação de derivados do petróleo, sua estratégia acaba por também definir o norte do preço de todo o mercado nacional.
Segundo a Petrobras, o preço da gasolina na bomba é composto pelos seguintes fatores: 30% de custos de produção (chamado Realização Petrobras), 17% de impostos federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins), 29% de imposto estadual (ICMS), 13% de custo do etanol anidro (misturado à gasolina) e 11% de distribuição e revenda. Os valores são referentes aos dias 5 a 11 de novembro de 2017.
Já a proporção da composição do preço do diesel na bomba é a seguinte: 52% de custos de produção, 14% de impostos federais, 16% de imposto estadual, 6% de custo biodiesel (misturado ao diesel) e 12% de distribuição e revenda. Os valores se referem aos dias 5 e 11 de novembro de 2017, conforme a Petrobras.

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