Dilma Rousseff não perde oportunidade de perder oportunidades. Madame convocou a imprensa estrangeira para fazer uma “denúncia”. Chamou a hostilidade sofrida por Lula
em sua caravana pela região Sul de ”momento de radicalização do golpe”,
como ela se refere ao impeachment que sofreu em 2016. Previu que haverá
na campanha eleitoral de 2018 “um banho de violência contra nós.”
Absteve-se de mencionar que as primeiras manifestações de histeria
esguicharam de mangueiras companheiras.
Considerando-se que Dilma atrasou o relógio até a sua deposição,
convém recordar o comício que realizou dentro do Planalto em agosto de
2015 ao receber representantes de sindicatos e movimentos sociais. Um
deles, Vagner Freitas, presidente da CUT, discursou: os movimentos
sociais “irão às ruas com arma na mão, se quiserem tentar derrubar a
presidente Dilma”. A anfitriã não repreendeu o companheiro. Nessa época,
parecia bem menos preocupada com a “radicalização”.
Mais recentemente, quando uma turma do STJ negou por 5 votos a zero
seu pedido de habeas corpus, Lula despejou uma ameaça velada num vídeo:
“Eles terão que arcar com a responsabilidade de ter a pessoa que foi o
melhor presidente do Brasil, que lidera todas as pesquisas de opinião
pública, […] eles vão ter que arcar com o preço de decretar minha
prisão.”
Lula não esclareceu qual seria o “preço” do seu encarceramento. Mas o
truque é conhecido. Em 2015, quando ainda guerreava contra o
impeachment de Dilma, o futuro condenado dizia ser “um homem da paz e da
democracia”. Mas esclarecia: ”Também sabemos brigar, sobretudo quando o
Stedile colocar o exército dele nas ruas”. Dilma não se queixou da
retórica tóxica do padrinho político.
Também não se ouviu a voz de Dilma quando o companheiro Stedile,
general de tropas aliadas, ameaçou: ”Aqui vai o recado para a dona
Polícia Federal e para a Justiça: não pensem que vocês mandam no país.
Nós, dos movimentos populares, não aceitaremos de forma nenhuma que o
nosso companheiro Lula seja preso”.
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