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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O Profeta "Gentileza": Conheça o criador da frase “gentileza gera gentileza”

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Se você for às ruas do Rio de Janeiro e perguntar por José Datrino, certamente, a imensa maioria dos cariocas não ligará o nome à pessoa. Mas experimente procurar pela história do Profeta Gentileza e, em troca, receberá dezenas de sorrisos e lembranças.

Nascido em uma família de 11 irmãos no interior de Cafelândia, São Paulo, desde menino Datrino se destacava por seu comportamento atípico para a idade (13 anos): 
fazia questão de espalhar na escola e aos amigos que “tinha uma missão na Terra”.


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Nascido em uma família de 11 irmãos no interior de Cafelândia, São Paulo, desde menino Datrino se destacava por seu comportamento atípico para a idade (13 anos): fazia questão de espalhar na escola e aos amigos que “tinha uma missão na Terra”.
Ele só viraria Profeta Gentileza anos depois, na década de 1960, depois do incêndio do Gran Circus Norte-Americano de Niterói (dezembro de 1961), no qual morreram mais de 500 pessoas – a maioria, crianças. No Natal daquele ano, morando no Rio, Datrino disse ter ouvido “vozes astrais” e dirigiu-se ao terreno do circo para plantar um jardim sobre as cinzas. Ali morou por quatro anos e trabalhou como “consolador voluntário”, confortando com palavras de bondade às famílias das vítimas da tragédia. Recebeu dois apelidos: “José Agradecido” e “Profeta Gentileza”. O último prevaleceu. 

Na década seguinte, Gentileza passou a percorrer as ruas da capital fluminense para levar sua palavra de amor, bondade e respeito ao próximo. Era assim em ônibus, praças, pontes, praias, calçadões e até nas apinhadas barcas da travessia Rio-Niterói. Nem todos entediam a mensagem do Profeta. Os mais exaltados o chamavam de “maluco”. Para estes, a resposta estava sempre na ponta da língua:
“Sou maluco para te amar e louco para te salvar”. 

Após uma rápida passagem por Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, Gentileza voltou ao Rio, nos anos de 1980, para dar início ao seu legado: em 56 pilastras do viaduto da Av. Brasil, entre o Cemitério do Caju e o Terminal Rodoviário do Rio de Janeiro, Gentileza preencheu muros com seus escritos sobre o mal-estar da civilização. Para uns textos proféticos, para outros, poesia, as mensagens em tons de azul, verde e amarelo nunca passaram despercebidas. Foram cantadas por músicos como Gonzaguinha e Marisa Monte, citadas em filmes, novelas e trabalhos acadêmicos. 

Nos anos de 1990, um susto: os dizeres de Gentileza foram cobertos erroneamente com tinta cinza pela Prefeitura do Rio, que se desculpou. A recuperação só veio em 1999.

 Profeta Gentileza na Sapucaí O Profeta morreu em Mirandópolis, São Paulo, cidade de seus familiares, aos 79 anos, em 1996. Mas seu legado só se expandiu. Em 2000, o professor do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do Movimento Rio com Gentileza, Leonardo Guelman, lançou o livro Brasil: Tempo de Gentileza (Editora da Universidade Federal Fluminense). 

Em 2009, publicou Univvverrsso Gentileza (Ed. Mundo das Ideias). Em Mirandópolis, foi criada a primeira ONG da cidade: Gentileza Gera Gentileza, fundada por parentes e amigos do Profeta, e cuja missão é difundir educação e cultura em toda a região. 

Em 2001, o Profeta foi homenageado na Sapucaí pela Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, com direito a desfile de autoria de Joaozinho Trinta. No enredo, a mensagem principal do Profeta: “Gentileza gera gentileza, amor”.



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