O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu irmão Frei Chico
foram denunciados pela força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo por
corrupção passiva junto com os donos da Odebrecht, Emilio e Marcelo
Odebrecht, e o ex-diretor da empresa Alexandrino Alencar.
De acordo com o Ministério Público Federal, Frei Chico recebeu R$
1.131.333,12, por meio de pagamento de “mesada” que variou de R$ 3 mil a
R$ 5 mil. Os procuradores dizem que o pagamento era parte de um
“pacote” de vantagens indevidas oferecidas a Lula, em troca de
benefícios diversos obtidos pela Odebrecht junto ao governo federal.
Militante sindical histórico, Frei Chico foi responsável por
incentivar Lula a iniciar a sua atuação no Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC. Segundo a denúncia, o irmão do ex-presidente começou a sua relação
com Odebrecht nos anos 1990. Na época, trabalhadores do setor químico e
petroquímico apresentavam uma forte resistência ao Programa Nacional de
Desestatização, que estava em curso.
O então presidente da Odebrecht, Emilio Odebrecht, buscou uma
aproximação com Lula, que sugeriu a contratação de Frei Chico como
consultor para intermediar um diálogo entre a empresa e os
trabalhadores. O irmão de Lula foi contratado e passou a ser remunerado
por uma consultoria efetivamente prestada para a Odebrecht no meio
sindical.
Em 2002, após eleição de Lula, a Odebrecht pensou em encerrar o
contrato porque o programa de privatização já havia sido concretizado.
Mas, ainda de acordo com os procuradores, a cúpula da empresa resolveu
manter os pagamentos com o objetivo de que interesses da companhia
fossem atendidos. Segundo a denúncia, os pagamentos começaram em janeiro
de 2003, no valor de R$ 3 mil, em junho de 2007 passaram a ser feitos
de R$ 15 mil a cada três meses (equivalente a R$ 5 mil por mês), e só
terminaram em 2015, com a prisão de Alexandrino Alencar, o executivo
responsável por operar os repasses.
O Globo
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