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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A família que não tem impressões digitais

 Amal e Apu Sarker. "Não está em minhas mãos, é algo que herdei", diz Amal

 Amal e Apu Sarker. "Não está em minhas mãos, é algo que herdei", diz Amal BBC

BBC NEWS BRASIL / r7.com 

Apu Sarker me mostra a palma da mão aberta durante uma videoconferência de sua casa em Bangladesh. No começo nada parecia estranho para mim, mas quando olhei mais de perto, percebi como as superfícies de seus dedos eram lisas.

Apu, de 22 anos, mora com sua família em um vilarejo no distrito de Rajshahi, no norte do país. Até recentemente, ele trabalhava como assistente médico. Seu pai e avô eram agricultores.

Os homens da família Apu parecem compartilhar uma rara mutação genética que afeta apenas um punhado de pessoas no mundo — eles não têm impressões digitais.

Na época do avô de Apu, não ter impressões digitais não era grande coisa. "Nunca pensei nisso como um problema", disse Apu.

 Bangladesh fez extensa compilação de dados biométricos sobre seus habitantes, sem os não se pode obter passaporte ou carteira de motorista, nem mesmo um cartão SIM para o seu telefone

Em 2008, quando Apu era criança, Bangladesh introduziu um documento de identidade nacional para todos os adultos e o banco de dados exigia uma impressão digital.

Funcionários confusos não sabiam se deviam emitir um cartão para o pai de Apu, Amal Sarker. Finalmente, ele recebeu um cartão com o selo "SEM IMPRESSÃO DIGITAL".

Em 2010, as impressões digitais tornaram-se obrigatórias para passaportes e permissões para dirigir.

Após várias tentativas, Amal conseguiu obter um passaporte mostrando um atestado de uma junta médica. Ele nunca o usou, em parte porque teme que haja problemas no aeroporto. E embora andar de motocicleta seja essencial para seu trabalho como fazendeiro, ele nunca obteve permissão para dirigir.

"Paguei a taxa, passei no exame, mas não me deram a licença porque não puderam colher minha impressão digital", explica.

 

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