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quarta-feira, 19 de maio de 2021

Exclusivo: órgão que fez dossiês de inimigos do governo vai comprar sistema que vasculha redes, aplicativos de chat e dark web

Custo previsto é de R$ 25,4 milhões. Ministério da Justiça diz que ferramenta "permitirá ganho de performance" na segurança públicaBolsonaro.

O pregão eletrônico para a escolha da empresa fornecedora está previsto para amanhã, quarta-feira 19, às 10h. O custo estimado é de R$ 25,4 milhões.

No edital, obtido por O Antagonista, constam os detalhes da chamada “solução de inteligência em fontes abertas, mídias sociais, deep e dark web”, que inclui redes de relacionamentos (Facebook, Instagram etc), e aplicativos de chat (Skype, Telegram, Whatsapp, etc).

A Seopi alega que a ferramenta tecnológica “permitirá um ganho considerável em requisitos de performance” dos 56 analistas de inteligência de segurança pública da Seopi.

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“A tecnologia permitirá aos analistas da Diretoria de Inteligência cruzarem dados sobre pessoas e equipamentos, identificar diversos tipos de relacionamentos e demonstrá-los graficamente.”

Segundo o órgão, esses servidores trabalham hoje de forma manual na coleta e no processamento dos dados.

O Antagonista apurou que essa “solução de inteligência” será capaz de cruzar informações de mais de 15 mil alvos relacionados, com análise de vínculos e geolocalização de postagens, autoria e responsáveis, assim como dados demográficos de quem postou.

As licenças dessa ferramenta serão destinadas também a 28 órgãos de inteligência, Centros Integrados de Inteligência de Segurança Pública, Polícia Federal, Banco Central, Secretaria de Administração da PGR, Procuradoria-Geral do Trabalho, Polícia Civil, Militar e Bombeiros, além das Secretarias de Segurança Pública de 13 unidades da federação.

Chama atenção que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que exerce a função de coordenação do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), não apareça na lista de beneficiados com licenças de uso do novo sistema.

Também é curioso que, depois da própria Polícia Federal (que terá 100 licenças de uso), o órgão mais beneficiado seja a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (com 40 licenças), que era comandada pelo delegado Anderson Torres, antes de ele virar ministro da Justiça e da Segurança Pública.

A concorrência deve atrair grandes empresas do setor, como as israelenses NSO Group, Rafael Advanced Defense Systems e Cognyte, além da sul-africana Paterva.

No ano passado, o então ministro André Mendonça, hoje na AGU, virou alvo de uma pedido de investigação depois que o UOL revelou que a Seopi produziu dossiês com nomes, endereços em redes sociais e até fotografias de críticos do governo Bolsonaro.

No julgamento do caso pelo Supremo, que arquivou a notícia-crime, Mendonça alegou que o relatório havia sido encomendado antes de assumir, coincidentemente no mesmo dia da demissão de Moro. Mas teve que demitir um fiel auxiliar, o coronel Gilson Liborio, que era o diretor de inteligência da Seopi. Apesar do arquivamento, o STF determinou que o Ministério parasse de fazer dossiês do gênero.

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