O pregão eletrônico para a escolha da empresa fornecedora está previsto para amanhã, quarta-feira 19, às 10h. O custo estimado é de R$ 25,4 milhões.
No edital, obtido por O Antagonista, constam os detalhes da chamada “solução de inteligência em fontes abertas, mídias sociais, deep e dark web”, que inclui redes de relacionamentos (Facebook, Instagram etc), e aplicativos de chat (Skype, Telegram, Whatsapp, etc).
A Seopi alega que a ferramenta tecnológica “permitirá um ganho considerável em requisitos de performance” dos 56 analistas de inteligência de segurança pública da Seopi.
“A tecnologia permitirá aos analistas da Diretoria de Inteligência cruzarem dados sobre pessoas e equipamentos, identificar diversos tipos de relacionamentos e demonstrá-los graficamente.”
Segundo o órgão, esses servidores trabalham hoje de forma manual na coleta e no processamento dos dados.
O Antagonista apurou que essa “solução de inteligência” será capaz de cruzar informações de mais de 15 mil alvos relacionados, com análise de vínculos e geolocalização de postagens, autoria e responsáveis, assim como dados demográficos de quem postou.
As licenças dessa ferramenta serão destinadas também a 28 órgãos de inteligência, Centros Integrados de Inteligência de Segurança Pública, Polícia Federal, Banco Central, Secretaria de Administração da PGR, Procuradoria-Geral do Trabalho, Polícia Civil, Militar e Bombeiros, além das Secretarias de Segurança Pública de 13 unidades da federação.
Chama atenção que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que exerce a função de coordenação do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), não apareça na lista de beneficiados com licenças de uso do novo sistema.
Também é curioso que, depois da própria Polícia Federal (que terá 100 licenças de uso), o órgão mais beneficiado seja a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (com 40 licenças), que era comandada pelo delegado Anderson Torres, antes de ele virar ministro da Justiça e da Segurança Pública.
A concorrência deve atrair grandes empresas do setor, como as israelenses NSO Group, Rafael Advanced Defense Systems e Cognyte, além da sul-africana Paterva.
No ano passado, o então ministro André Mendonça, hoje na AGU, virou alvo de uma pedido de investigação depois que o UOL revelou que a Seopi produziu dossiês com nomes, endereços em redes sociais e até fotografias de críticos do governo Bolsonaro.
No julgamento do caso pelo Supremo, que arquivou a notícia-crime, Mendonça alegou que o relatório havia sido encomendado antes de assumir, coincidentemente no mesmo dia da demissão de Moro. Mas teve que demitir um fiel auxiliar, o coronel Gilson Liborio, que era o diretor de inteligência da Seopi. Apesar do arquivamento, o STF determinou que o Ministério parasse de fazer dossiês do gênero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário