No final da manhã de quinta-feira, 15 de outubro, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva estava bem-humorado. Por iniciativa própria,
prestava um depoimento reservado ao Ministério Público Federal, em
Brasília, para explicar sua atuação ao lado da empreiteira Odebrecht. Em
vez de ir ao prédio da instituição, Lula foi ouvido em uma casa no Lago
Sul, de forma discreta. Foi seu único pedido ao procurador, para
escapar ao assédio de jornalistas. Ao seu estilo sedutor, Lula fez
piadas com o procurador da República Ivan Cláudio Marx, ao dizer que o
Corinthians, seu time, será campeão brasileiro.
Na hora de falar sério, disse que não fez lobby, mas sim palestras no
exterior com a missão de explicar a receita brasileira de sucesso em
países da África e da América Latina. Procurou defender-se na
investigação, revelada por ÉPOCA em maio, que apura se
ele praticou tráfico de influência internacional em favor da empreiteira
Odebrecht. Lula disse que não é lobista, que recebeu “convites de
muitas empresas e países para ser consultor”, mas não aceitou porque
“não nasceu para isso”. Num termo de declaração de quatro páginas obtido
por ÉPOCA, ele sustenta que todos os eventos para os quais foi
contratado estão contabilizados em sua empresa L.I.L.S. – um acrônimo de
seu nome. Foi por meio dela que Lula ficou milionário desde que deixou o
Palácio do Planalto, em 2011.
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