Autora do pedido de impeachment que está sendo analisado na Câmara dos Deputados, Paschoal teve seu discurso comparado ao de pastores evangélicos e cantores de rock pesado. Numa montagem em vídeo publicado na página do músico Tico Santa Cruz no Facebook,a jurista canta a música “The Number Of The Beast” , da banda britânica Iron Maiden.
Em entrevista à BBC Brasil, Janaína Paschoal disse que viu algumas dessas montagens e que achou inusitada a comparação com a menina pastora - criança que fez sucesso na internet após um vídeo seu pregando para uma multidão ser publicado em 2006 no YouTube . Apenas uma das dezenas de versões possui mais de 2,3 milhões de visualizações.
"Achei inusitado o fato de terem inventado (não sei na brincadeira, ou seriamente), que eu seria uma tal menina pastora", escreveu à BBC Brasil via WhatsApp, em seu primeiro comentário público sobre a polêmica.
'O Deus deles'
Para a jurista, a repercussão de seu discurso também ocorreu porque ela “enfrentou” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontado por ela como "o Deus deles”.“Eu não tenho culpa se o próprio Lula confessou, em rede nacional, ser uma cobra”, disse Paschoal ao comentar a repercussão do caso à reportagem.
“Uma audiência é eminentemente técnica, mas um ato público é um momento de emoção. A reação, pelo menos lá, foi positiva. Muitos me disseram que eu falei o que gostariam de falar.”
Ela disse que se baseou na resposta do público, que mudou durante seu discurso. "Enquanto eu falava de pedaladas, as pessoas se continham, quando eu mostrei que nossa denúncia, desde o início, é muito mais ampla, o ânimo com relação a mim mudou".
Machismo?
Nas redes sociais, houve comparações entre as críticas a Janaína - usando termos como "louca e histérica" - às feitas a Dilma Rousseff em reportagem da revistaIstoÉ ("As explosões nervosas da presidente"), algo que muitos consideraram um comportamento machista, uma vez que esses adjetivos raramente são usados para descrever homens na vida pública.Questionada se ela considera que as reações são diferentes quando discursos são feitos por homens e mulheres, a jurista afirmou que pode haver uma relação com machismo.
“Não descarto. O machismo é uma realidade. Mas, em certa medida, eu até defendi Dilma, pois, como de costume, o PT quer se descolar dela para salvar o Lula. É muito cômodo circunscrever toda a discussão a pedaladas e a decretos, deixando de lado a Petrobras e todo o poder de Lula. Os áudios mostram bem a subserviência dela a ele", disse Paschoal.
Ela afirmou que os membros do governo e tiveram o monopólio do discurso por muito tempo e que "no ato de ontem, não por mim, mas por todos, mostrou que isso acabou."
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