Um
amigo que vive há duas décadas nos EUA disse que não tem mais paciência
para se apresentar como brasileiro. Orgulha-se de sua nacionalidade. O
problema é que voltou a pegar mal. Cansou de ouvir a mesma pergunta —“O
que houve com o Brasil?”— e de não ter uma resposta para dar.
É realmente difícil explicar no estrangeiro a vocação bíblica dos
corruptos brasileiros. Nunca se contentaram com as pequenas negociatas.
Mas não se imaginava que ambicionassem o dilúvio de lama.
E se perguntarem lá fora de quem é a culpa por tanta incompetência e
roubalheira? A julgar pelos desmentidos, só há uma resposta possível:
não há culpados no Brasil, apenas cúmplices. Culpa mesmo teve Noé, que
permitiu a entrada do casal de ratos na famosa Arca.
Por sorte sobraram as praias. O Brasil pode reivindicar a volta
àquela época em que, no cinema americano, era o país para onde voavam os
bandidos à procura de refúgio depois de um grande golpe. Devagarinho, o
país do jeitinho vai virando o país que não tem jeito.
Por Josias de Souza
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