Novo delator da Operação Lava Jato, o engenheiro e lobista Zwi
Skornicki acusou o deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ) de ter recebido
propina para evitar a sua convocação na CPI da Petrobras.
O
parlamentar petista foi o relator da última comissão instaurada no
Congresso para investigar o esquema de corrupção na Petrobras. No
relatório final, em outubro do ano passado, propôs o indiciamento de
apenas um político, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Skornicki, que era representante do estaleiro Keppel Fels no Brasil, não foi convocado para depor.
O
atual delator foi preso na Lava Jato quatro meses depois, em fevereiro.
Ele é apontado como um operador do pagamento de propinas na Petrobras, e
irá devolver cerca de R$ 75 milhões à Justiça -dinheiro que estava em
contas no exterior.
Na decisão que homologou sua delação, na
quinta-feira passada (6), Skornicki diz que "pagou parte da propina
ajustada com João Vaccari Neto em nome do PT para o deputado Luiz Sérgio
Nóbrega de Oliveira".
"Este mesmo parlamentar teria intercedido
para a não convocação do colaborador à CPI da Petrobras", informa a
decisão, emitida pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A reportagem
não conseguiu contato com a assessoria do deputado. A defesa de João
Vaccari Neto nega que o ex-tesoureiro tenha pedido ou intermediado o
pagamento de propinas ou caixa dois ao partido.
TERMOS DO ACORDO
A
homologação, feita na semana passada, é o último passo para o
reconhecimento do acordo. A informação está em ofício enviado pelo
Ministério Público Federal ao juiz Sergio Moro, nesta quinta (13).
O
acordo prevê que Skornicki pague uma multa de US$ 23,8 milhões,
equivalente a R$ 75 milhões -valores mantidos em offshores de sua
titularidade na Suíça e Estados Unidos. O dinheiro será revertido à
Petrobras (e 10% dele, a órgãos federais de investigação).
Além
disso, o delator terá que entregar à Justiça quase 50 obras de arte
apreendidas em sua casa, de artistas como Romero Britto, Salvador Dalí e
Vik Muniz. A Polícia Federal suspeita que os quadros tenham sido usados
para lavagem de dinheiro.
Skornicki ficou pouco menos de seis
meses preso em Curitiba. Ele irá cumprir outros seis meses em prisão
domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica - até fevereiro de
2017. Depois, progride para o regime aberto domiciliar por mais um ano.
O
lobista revelou em sua delação, entre outros temas, conforme já mostrou
a Folha de S.Paulo, que o ex-diretor da Petrobras Renato Duque
abandonou R$ 39 milhões em propina numa conta da Suíça -valores que
serão devolvidos à Justiça-, e que pagou US$ 4,5 milhões em caixa dois
ao marqueteiro João Santana, responsável pela campanha da ex-presidente
Dilma Rousseff em 2010.
O conteúdo integral da delação de Zwi continua sob sigilo. Com informações da Folhapress.
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