Demilton de Castro e Florisvaldo de Oliveira estavam suando. No
estacionamento da JBS em São Paulo, eles tentavam, sem sucesso, enfiar
uma volumosa caixa de papelão num limitado porta-malas de Corolla. Plena
segunda-feira e aquele sufoco logo cedo. Manobra para cá, manobra para
lá e nada de a caixa encaixar. Até que, num movimento feliz, ela
deslizou.
Eles conseguiram. Estavam prontos para desempenhar a tarefa que fora
designada a Florisvaldo. E que ele tanto temia. Dez dias antes,
Florisvaldo despencou até uma rua na Vila Madalena, também em São Paulo,
para fazer uma espécie de “reconhecimento do local” onde teria de
entregar R$ 1 milhão em espécie. Seu chefe, o lobista Ricardo Saud,
havia encarregado Florisvaldo do delivery de propina para o então
vice-presidente da República, Michel Temer.
O funcionário, leal prestador de serviço e carregador de mala, não
queria dar bola fora. Foi dar uma olhada em quem receberia a bufunfa. Ao
subir as escadas do prediozinho de fachada espelhada, deu de frente com
a figura inclemente de João Baptista Lima Filho, o coronel faz-tudo de
Temer.
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