Um dos aliados de Michel Temer no Congresso, expoente do aglomerado
partidário batizado de centrão, esclarece: “Não somos precisamente
contra os cortes de gastos públicos. Somos apenas contra ser cortados.
Não dá para mexer, por exemplo, na programação do pagamento das emendas
parlamentares. A não ser que o governo quisesse antecipar as
liberações.”
O comentário ouvido ajuda a entender o paradoxo em que se meteu a
gestão de Temer: para salvar o mandato do presidente, o Planalto colocou
sua infantaria na porta do cofre. Prometeu mundos e, sobretudo, fundos.
Súbito, o governo informa à banda fisiológica do Legislativo que o
cofre continua oco. E seus aliados respondem que agora a coisa vai ou
racha. E acham que dá para ir. Mesmo rachada.
Diante do reconhecimento de que não conseguirá entregar em 2017 a
meta fiscal deficitária de R$ 139 bilhões, o governo tenta conter o estouro no
patamar de R$ 159 bilhões. Para conseguir, precisa fazer novos cortes e
elevar suas receitas. Os aliados não se animam a ajudar. Ninguém abre
mão do butim de emendas. E a maioria resiste à ideia de corrigir a
proposta do Refis, convertida em mamata para sonegador.
Descarta-se, de
resto, a hipótese de aprovar 100% da reforma da Previdência.
Por Josias de Souza
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