Até poucos dias atrás, todas as avaliações negativas sobre o governo
eram acompanhadas de uma conjunção linquística: “entretanto”. Admitia-se
que o governo é corrupto e politicamente desastroso. Mas
acrescentava-se: Entretanto, a gestão Temer avançou na economia. O
caminhonaço e suas consequências, entre elas a saída de Pedro Parente da
presidência da Petrobras, eliminou do enredo o “entretanto”.
Generalizou-se o naufrágio. A água invade a área econômica.
A subvenção que fabricou uma redução do preço do óleo diesel aumentou
o déficit público e desfigurou a gestão ortodoxa de Temer, agora de
viés populista. Ao efetivar Ivan Monteiro como
substituto de Parente, o presidente declarou que a política de preços
da Petrobras não sofrerá mudanças. Mas já mudou no diesel. E pouca gente
se anima a dar crédito irrestrito a Temer.
Os dez dias sem caminhão e com desabastecimento resultaram num baque
com reflexos na economia, que já seguia uma curva descendente. Já não é
improvável um PIB abaixo de 2%.
Se o governo de Michel Temer fosse um filme, seria fácil resumir o
enredo. Bastaria dizer que o filme é sobre uma embarcação temerária, uma
tripulação alienada e uma imensa pedra de gelo. Tudo muito parecido com
Titanic. Enquanto o transatlântico afunda, Temer ordena à orquestra que
continue tocando.
Serão sete meses a caminho do fundo. Sofrem mais os mais de 13
milhões de passageiros desempregados, que viajam no porão, perto da
casa de máquinas. Quem observa os candidatos à sucessão presidencial
fica com a incômoda impressão de que faltam ao Brasil principalmente
botes salva-vidas.
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