O decreto de calamidade pública do governo federal, que agilizou para os administradores do Executivo a compra de equipamentos e insumos para o combate à covid-19, permitiu também mais facilidades aos grupos mal intencionados espalhados pelo país.
Segundo levantamento do R7, governos estaduais e municipais de 26 das 27 unidades da federação foram responsáveis por fazer os órgãos de investigação trabalhar pesado nessa pandemia.
Só se salvou o Estado do Espírito Santo, que mesmo assim viu carros de polícia em suas cidades para cumprir mandados contra empresas e pessoas denunciadas por supostos crimes ocorridos longe dali: a compra de testes superfaturados no Distrito Federal e a aquisição de medicamentos em Cabo Frio (RJ).
Pelo menos 39 negociações, que somam R$ 1.429.214.047,65, foram consideradas suspeitas e levaram à abertura de processos na Justiça ou operações policiais com mandados de prisão, busca e apreensão.
Oito Estados tiveram problema ao adquirir respiradores, quase sempre a preços bem mais altos do que os praticados antes da crise sanitária.
É o caso de São Paulo, no qual o governador João Doria (PSDB) procurou no mercado os respiradores essenciais aos doentes graves de covid-19 e só foi encontrá-los na China. Encomendou 3 mil por R$ 550 milhões, sem licitação, aproveitando, como fizeram todos os administradores públicos no Brasil, a vantagem da MP aprovada pelo Congresso Nacional durante a pandemia.
Os cerca de R$ 180 mil por aparelho chinês se explicariam pela lei da oferta e da procura, essa foi a resposta do governo estadual, mas sabendo que o preço médio praticado nos últimos meses tem ficado entre R$ 40 mil e R$ 90 mil, o Ministério Público de São Paulo e o Tribunal de Contas local decidiram averiguar o negócio.
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