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quarta-feira, 13 de abril de 2016

SE NÃO FOR ESTRATEGIA! GOVERNO AVALIA QUE CONTAGEM DE VOTOS PELO IMPEACHMENT NÃO ESTÁ FAVORÁVEL


Dilma: A presidente Dilma Rousseff  
© Fornecido por Estadão A presidente Dilma Rousseff

BRASÍLIA - Na guerra pelos votos para tentar barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Brasília nesta terça-feira, 12, e almoçou com os ministros Jaques Wagner, do Gabinete Pessoal da Presidência, e Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo. A contagem de votos não está favorável ao governo, apesar do discurso oficial ser de que há garantia de que possuem pelo menos os 172 votos para impedir o afastamento da presidente. “A situação está mais complicada”, comentou um fonte no Planalto, ao reconhecer que “o clima é contra nós”.
O clima está sendo considerado negativo principalmente porque, apesar do enorme esforço e mobilização para convencer os deputados, nem mesmo o ex-presidente Lula está conseguindo reverter os votos perdidos e nem convencer os indecisos. Embora o discurso entre os mais realistas seja de que o governo não tem os 172 votos, os ministros governistas destacam que também, para a oposição, a situação não está resolvida porque eles não têm os 342 votos que precisam para garantir o impeachment. A avaliação é que, atualmente, há incerteza sobre se o afastamento de Dilma se concretizará.
Os 44 indecisos, contabilizados até às 21h45 pelo Placar do Impeachment do Estado, estão na mira do governo. Mas o Planalto diz que destes 44 que aparecem como indecisos ou mesmo dos outros 42 que não responderam à pesquisa, vários apoiam a presidente, mas preferem não declarar seu voto para não se expor. O fato é que há um grupo entre 50 a 60 parlamentares que atende os apelos para conversar e negociar tanto do governo, quanto com a oposição e é sabido que este número poderá desequilibrar o jogo e levar a balança para um lado ou outro. 


Mesmo no mar de notícias ruins, como a do PP, que anunciou voto pelo impeachment e desembarque do governo, o Planalto sinaliza que teve notícias boas ao longo do dia. Assessores da presidente destacam, no entanto, que ainda há deputados do partido fiéis ao Planalto e asseguram que estes - que não se sabe exatamente quantos são, mas que se estima que serão pelo menos 14 dos 49 - serão recompensados. “Esta minoria será prestigiada”, garante um assessor palaciano. A boa notícia, segundo um dos interlocutores do governo, é que o PMDB liberou sua bancada. Os três ministros do partido anunciaram também que retornarão à Câmara para que não haja dúvidas em relação a estes votos.
Na noite desta terça-feira, mais reuniões aconteceram no Palácio da Alvorada para que se continue a fazer as contas do impeachment. O governo acredita que a postura do vice-presidente Michel Temer, que divulgou uma gravação do que seria o seu discurso após a aprovação do impeachment no plenário, serviu de reforço para o Planalto. “Tivemos um reforço no discurso para os parlamentares. Ficou claro que há mesmo um golpe em curso e que o importante é impedir o golpe se concretize, com o afastamento da presidente eleita com 54 milhões de votos”, comentou outra fonte. O governo já tem até discurso pronto, para o caso de alegarem que 172 ou 180 votos não garantem sustentação política ao Planalto. “Agora, não precisa mostrar que tem pouco ou muito voto. O importante é impedir o golpe. Depois, se reconstrói a base parlamentar”, observou.
Em meio a esta confusão, uma juíza de Brasília decidiu pelo afastamento do ministro da Justiça, Eugênio Aragão. Este assunto, embora tenha sido tratado pela presidente Dilma com o ministro da Advocacia Geral da União, José Eduardo Cardozo, está sendo considerado “café pequeno” no meio do imbróglio da disputa pelo impeachment.
De acordo com as projeções do governo, com base no placar da Comissão Especial que aprovou o relatório defendendo o impeachment, o governo poderá chegar a 213 votos. As contas mais reais, contudo, não chegam a 180, o que significa uma arriscada e estreita margem de segurança em uma votação tão importante. O voto aberto, em microfone, no plenário da Câmara, trabalha contra a presidente Dilma.

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