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terça-feira, 12 de julho de 2016

SÃO MIGUEL DO GOSTOSO/RN: OS CAMINHOS DO VENTO

Tese mostra que o Brasil foi descoberto em São Miguel do Gostoso e não em Porto Seguro

São Miguel do Gostoso é uma cidade no norte do Rio Grande do Norte que foi recentemente “descoberta” por brasileiros e estrangeiros que foram para lá começar uma nova vida e empreender no turismo. Na última década, a erma praia se tornou uma rota de gastronomia e diversão e, por enquanto, ainda preserva um ar rústico e tranquilo. Apesar do vento, é claro.
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O vento é o protagonista do lugar. Seu crescimento recente se deu muito em função disso: a região é perfeita para a prática do Kitesurfing o ano todo. E toda essa gente que tem buscado São Miguel do Gostoso para uma reinvenção se beneficia dos ares de lá. Conheci a cidade pela Júlia Galvão que depois de passar alguns anos em Londres sentiu-se deslocada em São Paulo e resolveu fixar raízes em Gostoso. Comprou uma pousada e lá está sem planos de mudança.
Um dos pioneiros desse movimento foi o francês Rémi Svoboda. “Conheci a cidade em 2007 por conta do kitesurf. Estava trabalhando no Tibau e quando parei, resolvi conhecer a região”, lembra. Ele conta que sentiu uma identificação espiritual com São Miguel do Gostoso e foi acolhido por um casal que já tinha uma pousada e lhe deram a oportunidade de abrir uma escola de Kitesurfing. “Fiquei cinco anos entre o Brasil e a França, seis meses em cada lugar”, conta.
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Quase dez anos depois, Rémi se sente um local, se casou e tem filhos brasileiros. O negócio dele impacta fortemente a dinâmica local. Além das temporadas tradicionais de verão quando as pessoas buscam as praias, há as temporadas de férias europeias em que muitos franceses e alunos de outras nacionalidades vão a Gostoso ter aulas de kite.
Os benefícios vão além da movimentação do comércio local como restaurantes e pousadas. Todo ano, Rémi manda um dos professores da região para um estágio na França. “O objetivo é que eles aprendam francês, inglês e ampliem suas oportunidades profissionais”, diz. Uma cena comum das noites de lá é ver jovens brasileiros reunidos em torno de uma fogueira falando francês com os gringos, ou entre si para manter certos segredos. Além do Kite, Rémi e sua turma têm uma banda, praticam surf, dançam e estão montando uma escola de tênis.
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Com tudo isso, São Miguel do Gostoso é uma praia cara e com muito gringo, mas se você cair nas graças do pessoal de lá pode acabar num forró inacreditável num quintal bem longe da praia. Outro programa imperdível é ir até Tourinhos, a vila vizinha, assistir ao pôr-do-sol.
Por Daniel Ribeiro – Blog Viagem Sem Fim (Estadão)

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