Tese mostra que o Brasil foi descoberto em São Miguel do Gostoso e não em Porto Seguro
São Miguel do Gostoso é uma cidade no norte do Rio
Grande do Norte que foi recentemente “descoberta” por brasileiros e
estrangeiros que foram para lá começar uma nova vida e empreender no
turismo. Na última década, a erma praia se tornou uma rota de
gastronomia e diversão e, por enquanto, ainda preserva um ar rústico e
tranquilo. Apesar do vento, é claro.
O vento é o protagonista do lugar. Seu crescimento recente se deu
muito em função disso: a região é perfeita para a prática do Kitesurfing
o ano todo. E toda essa gente que tem buscado São Miguel do Gostoso
para uma reinvenção se beneficia dos ares de lá. Conheci a cidade pela
Júlia Galvão que depois de passar alguns anos em Londres sentiu-se
deslocada em São Paulo e resolveu fixar raízes em Gostoso. Comprou uma
pousada e lá está sem planos de mudança.
Um dos pioneiros desse movimento foi o francês Rémi Svoboda. “Conheci
a cidade em 2007 por conta do kitesurf. Estava trabalhando no Tibau e
quando parei, resolvi conhecer a região”, lembra. Ele conta que sentiu
uma identificação espiritual com São Miguel do Gostoso e foi acolhido
por um casal que já tinha uma pousada e lhe deram a oportunidade de
abrir uma escola de Kitesurfing. “Fiquei cinco anos entre o Brasil e a
França, seis meses em cada lugar”, conta.
Quase dez anos depois, Rémi se sente um local, se casou e tem filhos
brasileiros. O negócio dele impacta fortemente a dinâmica local. Além
das temporadas tradicionais de verão quando as pessoas buscam as praias,
há as temporadas de férias europeias em que muitos franceses e alunos
de outras nacionalidades vão a Gostoso ter aulas de kite.
Os benefícios vão além da movimentação do comércio local como
restaurantes e pousadas. Todo ano, Rémi manda um dos professores da
região para um estágio na França. “O objetivo é que eles aprendam
francês, inglês e ampliem suas oportunidades profissionais”, diz. Uma
cena comum das noites de lá é ver jovens brasileiros reunidos em torno
de uma fogueira falando francês com os gringos, ou entre si para manter
certos segredos. Além do Kite, Rémi e sua turma têm uma banda, praticam
surf, dançam e estão montando uma escola de tênis.
Com tudo isso, São Miguel do Gostoso é uma praia cara e com muito
gringo, mas se você cair nas graças do pessoal de lá pode acabar num
forró inacreditável num quintal bem longe da praia. Outro programa
imperdível é ir até Tourinhos, a vila vizinha, assistir ao pôr-do-sol.
Por Daniel Ribeiro – Blog Viagem Sem Fim (Estadão)
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