Ricos "não deveriam usar o SUS"
Uma declaração do médico Drauzio Varella causou
bastante polêmica em alguns meios, antecipando um debate que terá que
ser feito no Congresso e no país em breve: os tais “direitos” previstos
na nossa Constituição Socialista de 1988.
Em entrevista à BBC,
Drauzio afirmou: “Um país com mais de 200 milhões de habitantes ousou
dizer que saúde é um bem de todos e um dever de estado (…) Temos uma
parte da população com condições econômicas bastante favoráveis que
não deveria usar o SUS. Deveria deixá-lo para quem não tem outra
alternativa: ou se trata pelo SUS ou não se trata. Então, não tem
sentido de eu estar ocupando o lugar do outro, tenho que me entender com
a iniciativa privada”.
A lógica de Drauzio quase faz sentido: realmente, quem tem “condições
econômicas favoráveis” não deveria utilizar o SUS. Mas, ao contrário do
que o médico deixa implícito, quem não utilizasse o SUS também não
deveria financiá-lo. Todo e qualquer serviço como o serviço médico-hospitalar deveria ser pago somente por aqueles que o utilizam.
Entretanto, é meio óbvio que extinguir o caráter universal do SUS do
dia para a noite causaria um caos e seria politicamente insustentável.
Ainda assim, há uma forma de garantir que somente os mais necessitados
utilizem o SUS: retirando a intervenção estatal da saúde privada para
que ela atue em livre mercado.
Precisamos acabar com os impostos sobre remédios, acabar com o
controle do MEC sobre as faculdades de medicina, extinguir (e salgar a
terra) o CFM (Conselho Fascista de Medicina) que proíbe até mesmo
propaganda de serviços médicos que mencione preços, fechar a ANS
(Agência Nacional de Saúde Socialista) que criou um cartel dos planos de
saúde, acabar com todos os controles e impostos sobre serviços
médicos-hospitalares privados, entre outras medidas.
Com menores preços e maior concorrência, as pessoas – incluindo os
mais pobres – naturalmente usariam mais os serviços privados,
descongestionando o SUS. No longo prazo, poderíamos fechar hospitais e
clínicas estatais por pura falta de utilização. E assim, aos poucos,
teríamos um sistema baseado no mérito de atender bem e curar pessoas e
não um sistema onde cada usuário é visto como um custo extra para o
estado.
Menos estado, mais livre mercado na saúde. É disso que precisamos, Drauzio.
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