Resumo da trilha de Lampião no RN
Na tardinha do dia 10 de junho de 1927 o grupo chegava na Vila Vitória, território que hoje pertence ao município de Marcelino Vieira.
Fogo da Caiçara: o primeiro combate militar
A notícia de que o bando estava invadindo propriedades na Vila Vitória mobilizou a força militar. A polícia juntou homens para enfrentar os cangaceiros.
O agricultor Pedro Felix ouviu o pai contar como foi: “Muito tiro. Muito tiro. Chega assombrava o povo que só pensava em fugir”.
Não demorou para o bando chegar ao povoado de Boa Esperança, local onde hoje é o município de Antônio Martins. O ataque aconteceu em frente a igrejinha da comunidade onde acontecia a festa de Santo Antônio. “Em vez de recepcionar a banda de música para a novena do padroeiro os devotos foram surpreendidos com a chegada dos cangaceiros que bagunçaram as casas, saquearam o comércio, quebraram melancia na cabeça do dono e acabaram com a festa”, contou o historiador Chagas Cristovão.
Relatos dão conta de que na tarde do ataque o bando só foi embora depois que uma senhora implorou. “Atendendo ao pedido de Rosina Maria, que era da mesma terra de Lampião, o bando deixou o vilarejo e seguiu rumo a Mossoró.”, concluiu o historiador.
A casa que fica no sítio Baixio, no pé da Serra de Luís Gomes, pertencia a familiares dos cangaceiros Massilon Leite e Pinga-fogo.
A recepção durou pouco. Quando amanheceu os cangaceiros se embrenharam na caatinga. Galoparam por veredas, saquearam fazendas e fizeram prisioneiros.
Na Fazenda Nova, onde hoje é o município de Major Sales, até o padrinho de Massilon, coronel Joaquim Moreira, foi sequestrado. Na fazenda vizinha de Aroeira, onde hoje é a cidade de Paraná, eles fizeram mais uma refém: a senhora Maria José foi levada pelo bando que seguia despistando a polícia e invadindo propriedades.
“Depois desses ataques na manhã do dia 10, o bando continuou subindo e praticando todo tipo de desordem”, lembrou.
O objetivo era evitar confrontos para não desperdiçar munição e nem perder homens, já que ainda tinha muito caminho até Mossoró.
O massacre
Eram altas horas da noite do dia 11 de junho quando o bando entrava na Vila de Lucrécia. Uma das casas invadidas na Fazenda Serrota continua preservada.
Caboré é um sítio que fica a poucos quilômetros da Fazenda. O prisioneiro teria sido levado por uma estrada de terra onde hoje é a RN 072. Os cangaceiros pediram dez contos de reis para poder soltar o fazendeiro. “Um grupo de mais de dez homens foi até lá pra tentar salvar Egídio, mas foi surpreendido por uma emboscada. Três homens acabaram mortos.”, relatou a pedagoga Antônia Costa.
O bando seguiu desafiando a caatinga. Os rastros de destruição ficavam pelas propriedades. Na manhãzinha do dia 12 eles entraram na Fazenda Campos, onde hoje é território de Umarizal (antiga Vila Gavião). Na casa grande, que estava abandonada pelos donos amedrontados, eles ficaram pouco tempo até pegarem a estrada de novo. Uma marcha que parecia não ter fim.
USOU UM ATALHO PELO SITIO CARNAUBINHA EM CARAUBAS PASSANDO EM SANTANA (Felipe Guerra/Caraubas) onde sequestrou um fazendeiro, e Sabino com Lampião exigiu resgate de 15 mil contos de réis para entregar seu Antonio Gurgel do Amaral, que estava num Chevrolet 1923 que tinha vindo pegar sua esposa que estava em Apanha-Peixe/Caraubas/RN.
Horas depois eles chegaram ao povoado de São Sebastião, hoje Governador Dix Sept Rosado. “Meu pai conta que Lampião passou na Estação de Trem e fez muita bagunça. Aí o povo do sítio era tudo no mato com medo. Meu pai mesmo dormiu muitas noites no mato, com medo”, relembra seu Maurilio Virgílio, aposentado de 75 anos que hoje mora pertinho da Estação alvo dos ataques.
Lampião partiu para Mossoró onde invadiu porque o prefeito Rodolfo Fernandes não deu a quantia exigida pelo Capitão Virgulino. Arrepedeu-se em ter atacado uma cidade do porte de Mossoro que já havia Banco do Brasil e Correios. Perdeu homens de sua confiança na Chuva de Balas que desceu sobre o seu bando.
Noventa e um anos depois, os resistentes já se foram, mas ficou o legado. Ter
um herói na família é motivo de orgulho para muitos mossoroenses.
Algumas figuras estavam na linha de frente e lideraram a defesa da
cidade contra o bando de Lampião. Tenente Laurentino, por exemplo,
organizou as trincheiras e montou o plano de resistência com o apoio dos
civis, todos liderados pelo prefeito Rodolfo Fernandes.
De acordo com os registros da época, o confronto entre os moradores e o bando de lampião durou cerca de quarenta minutos. Quase 170 homens participaram da defesa da cidade e ficaram espalhados em 23 trincheiras no centro de Mossoró. Uma delas teve papel fundamental para o sucesso do combate: a torre da capela de São Vicente que era o ponto mais alto de Mossoró. Do local, os resistentes tinham uma visão privilegiada.
Três homens ficaram na torre e surpreenderam os cangaceiros.
“Manoel Félix, Tel Teófilo e Manoel Duarte eram os três homens que estavam no Alto da Torre. A partir daí, eles começaram a informar que os cangaceiros estavam vindo do lado de cá, na lateral da capela. E nesse momento, eles passam a ser revidados e deixam de ser atiradores para se tornarem alvos”, explicou o historiador Kydelmir Dantas,.
Os homens que ficaram lá em cima não foram atingidos, mas as marcas dos tiros ainda permanecem no alto da torre. A capela que serviu de trincheira e guarda um dos maiores símbolos do combate de 13 de junho de 1927, dia em que Lampião e seu bando bateram em retirada de Mossoró.
Gruta onde Lampião foi morto em 28/-7/1938
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